Lembras de ti?
Aos findos dias do inverno, enxia-se de botões em cores carmins.
Os transeuntes vislumbravam e ansiavam pelo espetáculo que
viria.
O frio cortante, não lhe abalava e seguias firme, frondosa,
esbelta.
O estilhaçar dos brincos gélidos ao fim da estação,
Era o soar da beleza vindoura, presenteando deusa menina.
Desabrochavas, uma a uma, cada botão era em si, único.
Em buquê tornava-se, espetacular e delicada.
Invejosos infortúnios derrubaram-te.
Ao chão, suas pétalas vibrantes secaram e esqueceu-se de
como eras.
Como pode a vida, de tal maneira, destruir tua formosura?
Esquecestes de presentear a ti mesma.
Ora! Maior deleite é aquele onde nos embebedamos de nós
mesmos.
Em carne viva despia-se de máscaras e mentiras
Sob o sol, vibrava e enflorava, trazendo para fora sua
natureza!
Divina deusa da roda da vida,
Abençoa, pois esta criança, que desvanece e despreza teu
cerne.
A relembre da pureza de suas cores e da delicadeza com que
encantava toda gente.
Que ouças, meu pedido e dos demais que por este ser
intercedem.
Sakura,
Que encontres a cerejeira adormecida em ti,
E como ela, floresça, renove-se, mostre-se.
Após teu longo inverno, que ponhas afora sua graça
E encante a ti mesma uma vez mais.
T. Alves