Tenho tentado ser outra.
Despi, troquei-me, ardi.
Fingi beleza na dor,
Calma no desespero,
Lucidez à cegueira.
Surda, caminhei.
Emudeci aos gritos.
Cavei à fundo,
Até meus dedos sangrarem,
Ainda assim, não encontrei minha raiz pútrida.
Mesmo ao banhar-me, a mefítica permaneço.
Reconheço as sombras que me cegam,
Cópias minhas.
Amarrar-me-ei em poste e palha.
Acendas tu a lenha.
Queimar-ei sem voz de súplica.
Confesso a mim meus pecados
Engasgada com palavras de perdão,
Purificada em chamas,
Renascida, Lume.
T. Alves