terça-feira, 4 de abril de 2023

Zinco


 Pois veja, Maestro, até onde viemos!

O quanto andamos, não é?

Ora unidos, ora sós.

Muitas vezes perdidos - em nós.


Nós dados, (por vezes, nós cegos) 

Prendendo-nos, um ao outro,

Até cortamos os laços, e darmo-nos as mãos.


Com a benção dos reis fomos coroados.

O frio e o calor nos temperou à forja.

Vimos noites escuras e tempestuosas,

Passamos dias abafados e mudos. 

Com a escuridão das vistas e a surdez nas palavras,

Contemplamos o sopro fresco oloroso,

Banhamos-nos às lágrimas da rainha,

Fitamos o bailar das folhas ao vento,

Desejamos a luxuria do tempo.


Ah, Maestro! 

Se pequei ao amar-te que se dane a pena. 

Sou a musa de várias faces, mas apenas um coração. 

És teu para que guardes, 

És teu para que comas.

Toques para mim, bailarei para ti.


T. Alves.