quarta-feira, 27 de maio de 2015
segunda-feira, 18 de maio de 2015
Já era tarde demais para chorar.
Cedo demais para dizer que o fim era próximo.
As palavras duras me bateram pesadas como as asas que me foram retiradas. O alforje pesado que carrego nada é capaz de criar. O alaúde sem cordas nada mais é que um amuleto guardado de tempos antigos.
As liras doces que entoava hoje em minha mente parecem ditas por outro. Exceto aquelas que disse a você.
As árvores observadas outrora hoje se preparam para o inverno, não se parecem com as mesmas da primavera que não tardou em findar... Ela aconteceu a quanto tempo mesmo?
Olhos famintos tão familiares me vêem da escuridão. Afaga o cão que não tardará ao final da hora em morder a minha mão.
Monstros imaginários voam das sombras com carne e ossos.
Mas já era tarde demais para chorar.
Cedo de mais para dizer que o fim era próximo.
Autor: William Junior
domingo, 17 de maio de 2015
O frio assola as janelas e as paredes da casa vibram violentamente.
As ordas que nos cercam cederam aos braços fortes do vento e o inverno os consumirá. Mas o que seremos ao final desta guerra?
Corpos e mais corpos. Desolados, destruídos, sem destino. A vida se foi em meros estouros.
Eu tive medo, eu tenho medo.
Quando virá o sol quente e a brisa fresca primaveril?
Ao final da dor, da loucura e do desespero, corpos são apenas corpos se a alma já se foi ainda que em vida.
Também tenho medo, por mim e por ti. Tenho medo que minha lucidez se vá antes do fim do inverno. Tenho medo de não ser o bastante para nos suprir. A casa já tão frágil talvez não resista a um ataque.
O inverno é feroz e somos frágeis. Ainda temos o fogo dentro de nós. Mesmo que o teu se apague haverá o meu.
Ataques haverão e se o teto ruir, faremos outro.
A tua loucura me é lucidez
Me abrigo em ti nas piores noites. A mim que me supus forte, me contemplar em pequenos reflexos no meio da tempestade...
O vento mais forte arranca tua carne. Mas a mais fraca corta mais profundo que qualquer coisa.
Quantas e quantas vezes teremos que reconstruir este telhado minha amada?
Talvez após todo inverno. Talvez sempre ajam recomeços. Talvez sempre seremos soldados. Mas eu fui feliz em cada batalha.
Eu vejo a luz em sua escuridão.
Eu sou feliz ao teu lado. E por isso eu luto.
Eu vejo luz em tua escuridão.
Autores: William Junior e Anjo Negro
domingo, 3 de maio de 2015
Eu vi um violeiro no alto do monte.
Ele tocava.
Eu vi sua alma se esvair em cada nota, e em cada uma ele se renovava.
Eu vi uma moça à beira dum rio, e mesmo ao longe ouvia o violeiro.
Eu vi sua alma alegre em cada canção.
Eu vi duas figuras ao alto dos céus,
Elas bailavam entre as nuvens, entre a revoada dos pássaros, alegres.
Eu vi duas almas bailando ao alto dos céus, ao som do violeiro.
Autor: Anjo Negro