quinta-feira, 27 de março de 2014

Cartas entre Amantes


Encontre-me linda Ninfa, encontre-me
à beira dos abismos da perdição.
És minha joia rara, minha flor do deserto.
Teus lábios me incendeiam, teu calor em minhas mãos...
Por favor não resista!

Encontre-me tu nas noites enluradas
abaixo dos teus olhares permanecerei a tua espera.
Pérfido homem, teus devaneios são doces e embriagantes,
como posso eu, fraca mulher resistir aos teus encantos?
Teu calor cativa-me a simples toque.

Doçura da flor,beleza da terra,
teu cheiro, teu amor: sabor em regalo.
Minha dádiva em fina forma, minha paixão lhe anseia,
meu desejo me queima, venhas a mim!
Ninfa fala-me onde estás?
Chama-me tão doce e por mais que lhe busque 
sinto que ainda se afasta...
Meus olhos que repousam sobre ti instigam minha mente.
Deixa-me encontrar-te, tocar tua pele...
Se for necessário, vamos aonde possamos ser vistos
que o tempo pare, que seja ele o nosso cúmplice
e se formos acusados, diga que foi por amor. 
Não haverá quem nos condene.

Diga-me Senhor, quem és tu?
A maldição de minh'alma ou a alegria de minha carne?
Onde fostes que se apartou de mim?
Se é por amor, porque não me encontras?
Venhas a mim, dê-me tua mão, mas não a solte.
Sabes que sou tua desde os primórdios das eras!

Sou aquele que gostaria de fazer-lhe feliz...
Mostrar-te um mundo tão grande quanto ele verdadeiramente é.
Afastei-me de ti quando percebi que havia mais em minhas ações
do que o simples acaso nas palavras, 
mais sentimento do que me lembrava ter.
Se por bem tomar a tua mão, trarei a ti para perto de mim.
Isso mudará teu mundo... Assim como o meu...
Sei das consequências de meus atos, 
pergunto lhe apenas se é mesmo o que queres?

Anseio por ti exasperada, tua alma me enobrece.
Clareie as escuras terras por onde andei. 
Envenenastes meu coração com tuas palavras. 
Meu Senhor, o que temes? Me basta o amor que tens a mim.
Teus sonhos, tuas loucuras, teu sabor... Sejas meu como sou tua...
Digas, o que queres de mim?

Quero apenas a ti, e isso já me basta.

Onde estás para que lhe encontre? 
Não enxergo-te, onde andas?

A tua procura...
Ninfa, encontre-me no mesmo Éden, 
no mesmo lugar onde nos vimos pela última vez.
Que seja este o lugar. Que seja este o início de novas eras,
tanto para mim quanto para ti.

Espero-te sim, reencontrar-te e saciar-me de ti.
Paremos o correr da vida para que eu não mais te perca.
Mas até lá, encontre-me tu no meio das noites à sombra da Lua,
à margem dos espelhos d'água.
Verei teus olhos refletidos na escuridão,
que vejas os meus em tua mente aonde fores.

E que assim seja..

Autores: Anjo Negro e William Junior



segunda-feira, 24 de março de 2014

Sonho Do Poeta


Invejo-te pássaro...

Tua liberdade é divina
voas pela imensidão do mundo 
e observa a nós, pobres seres terrestres.

Deveras diverte-se por nosso fardo:
viver presos ao chão
enquanto tu vês o mundo de outros ares...

Somos a imagem e semelhança do Criador
mas me parece teu voar a perfeição criada.
Sonha o homem ser como tu, bela ave
possuir o dom que se prende em tuas asas.

Invejo-te animal do paraíso...

Quisera eu ter um dia de tua dádiva,
ao menos que fosse um minuto sequer.
Voar pelas manhãs ensolaradas,
assistir aos entardeceres longínquos dos altos,
ver o luar surgir por cima  dos montes.

Pobres de nós homens... Pobres sonhadores...

Sentenciados à terra debaixo de nossos pés.
Sentenciados a ver-te gozar de teu voar alto e fugaz.

Desejo-te visa longa, filho da perfeição,
que tuas asas o levem para onde jamais irei
e teus olhos vejam o que os meus jamais verão.

Cante a nós tuas viagens, tuas primaveras.
Observe-nos cair abaixo de ti.

Ainda que se acabe o tempo
jamais alcançaremos um décimo de tua plenitude...

Voes alto e veloz, divino ser. Voe...


 Autor: Anjo Negro


capitalismo

As mais variadas palavras que enchiam o dicionário, nada diziam pra ele.

Palavras que quando todas juntas em seus pensamentos só o lembravam que não justificariam suas ações, não seriam palpáveis o bastante para redimir o que seria feito.

Não haveria mortes, não físicas. Não haveria dor. Na verdade; não haveria nada para ser dito. As palavras que tanto presa de nada o servem. Estas que para ti tudo representam para outros não justificaria o ato.

Carrasco tirano açoita o pobre, tão inocente que nada fez de mal.

O suor que escorre de seu rosto cansado não o redime do primeiro pecado.

Porcos em seus chiqueiros, sempre chiques. Saboreiam de suas bolotas de marcas tão caras.

De sol a sol tantas horas por dia que, dia não quer dizer nada; noite tão pouco.

Descanso a quem se tu morreras. Sedento de sonhos, carente de ambições.

 Parasitas se alimentam de teu corpo se este for forte o bastante. Se não que seu cérebro nos sirva, se nada tiveres; que morra, algum outro nos servira.

Se não for forte o bastante não se preocupe a natureza se ocupara de ti e ai terá alguma serventia; tolo uso este que a natureza nos trás... Destrua também. Traga-nos algo que possa ser visto como um verdadeiro bem.

De que me vale sangue? Ouro é tão mais precioso; se este está manchado de sangue, bem, tudo bem.

De que me vale teu descanso? Este digo que de nada me vale, mas se quiser pago a você algo com sabor doce, que é apenas um sabor.

Destrua tudo. A natureza que pague pelo erro de permitir nascer ser tão vil, que não compreende o valor da vida e de seu semelhante.

autor: William Junior



quarta-feira, 19 de março de 2014

Chronos


O Tempo, tão singular e mítico, indistinto ser sombrio

- Chama-me tão grandioso ser sem palavras e me questiona sobre minhas ações ,
pergunto eu a ti, onde tu estavas quando poucos minutos mudariam o mundo?

Onde estavas tempo, quando pedi que parasse?

Fostes incapaz de retroceder quando pedi.
Eu poderia sim ter dito aquilo(e isso poderia mudar tudo) tempo onde estavas?

Dizem que você pode apagar tudo...
Porque não apagou as palavras que eu disse? A dor que eu causei?

Dizem que tu és o maior amigo e o pior inimigo. Mostra-me tuas ambas faces.

Tempo não se esvaia em mim com tanta pressa!
Assim só vejo com clareza o que se passou, 
o meu presente se desfoca à minha visão e o futuro sempre surge tão incerto.

Tempo!!! Tempo!!! Tempo!!!

Responda-me pelo menos: quais são estes tempos?
... "mas se nada disseres, que assim seja"...


William Junior


terça-feira, 18 de março de 2014

Adormecida



Adormeci sobre minhas lágrimas uma vez mais

encoberta pela noite e seu canto silencioso.



A escuridão me parece reconfortante.




Encubra meu rosto, esconda-me daqueles olhos.

Tão belos olhos! Que já não me vêem...
Fostes ao encontro de novos mundos, de novos sabores,
daqueles perfumes fétidos que te conquistaram...



Triste fim dum sonho...




A aurora que retorna às minhas vistas possui novas cores,

lindo florear da natureza!
Peço-lhe o sono eterno, para que não volte a esses inertes dias,
nem o veja vagando por aqueles caminhos.



Adormeci sob minhas lágrimas uma vez mais

a espera do interminável fim dum sonho...



Anjo Negro




terça-feira, 11 de março de 2014

Devaneio a Morfeu

Adormeci esta noite pensando em teus lábios,
meus olhos estavam cheios de lágrimas e meu rosto ardia
com teus rolar quente e pesaroso.
Talvez tenha sido a saudade me batendo a porta,
sei que estou vazia por dentro e ávida por algo que desconheço.
Caí em sonhos lembrando-me do teu abraço
e de como era bom me refugiar nele.
Estava tudo tão claro e teus olhos tão brilhantes que pensei estar na realidade (sonhada outrora)...
Mas como todo sonho o despertar é preciso.
Abri meus olhos e não o encontrei ao meu lado.
Pobre sou, tola sonhadora.
Espero-te à noite novamente em sonhos
para que me carregue em teus braços e me leve para o nosso Éden.

Autor: Anjo Negro




quarta-feira, 5 de março de 2014

Espera



Sentado ao pé do monte

perdido em tempos 
abandonado demasiado só
antes que a cura lhe chegue
entregue está a deriva
dum mar de histórias afogado
em sonhos.


Sentado ao pé do monte a espera

de um dia novo
sua ninfa lhe trará bons contos
doce mel derramado, inebriante.


Sentado ao pé do monte

contemplando as estrelas
banhado por luares
despertos ao amanhecer
unidos, livres. Ela se vai...

Sentado ao pé dum monte
ele lhe espera, todas as noites.

Autor: Anjo Negro


segunda-feira, 3 de março de 2014

Os filhos da revolução

"Ipsum enim Corpus"



...”O sono que arde em meus olhos entorpece meus sonhos, olhei em teus olhos sem nada ver, nada sentir. Menti para ti sem o menor pudor.

Vi tua face onde outros reconheceram apenas as tuas mascaras, em meus delírios reconhecia os teus, pois a loucura e tão singular onde não ouve solução, tão doce são teus pensamentos conturbados que neles encontrei abrigo para sanar minha própria insanidade.

O filho meu, onde se encontra?

Estaria você tão perdido a ponto de não achar o caminho de casa?

Filho meu que aguarda nos portões de teu refugio por ter medo de entrar; jás tão acostumado com as condições de guerra que julga que todo canto de refugio e apenas mais um campo de tortura a te esperar.

Vejo em teus olhos teu cansaço; sobre teus ombros um mundo em total destruição.

Mas quem o pôs ai? Seria tu Atlas amaldiçoado de tal forma?

Não esqueça de tua mortalidade; não se esqueça que as paredes que lhe protegem são as mesmas que lhe prendem pobre pássaro. Achas mesmo que  tua loucura lhe protegera por todo o tempo?

-Olhe para o horizonte, para as paredes de tua casa, para as grades de tua prisão e as compare. Veras aquilo que sempre soube; não a refugio se tu lutas contra a ti mesmo.

Definhas em sua própria carne, liberta a ti mesmo do claustro que se impôs pois o tempo se esvai assim como o que resta de tua sanidade”...


William Junior