segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Primeira Carta - Primeira Noite

Desejo o estupor, para não lembrar-me da dor.
Desta vez estas longe, distante dos meus braços 
Que faria eu se é escolha tua?
Por mim, repousarias em meu colo, penteando teus cachos,
O faria dormir com contos e cantos.

Ainda assim, despedaçada , espero-te.

Não há amor em mim, que  faça-me esquecer-te ou deixar-te.
Não há dor em mim que cure a falta tua.
Não há nada que preencha a falta tua
E ainda assim, espero meu despertar
E ver teus olhos doces aguardando-me nas manhãs claras. 


T. Alves

domingo, 23 de dezembro de 2018

Despedida

Instalou-se a desgraça
Vestiu-se de rachaduras e dor.
Ela era a dama da noite,
Sob seu véu translúcido,
À luz da Lua tilintavam as contas,
Reluziam como pérolas na madrugada.
O canto triste acompanhava-a,
Ia de encontro ao desconhecido com saudade de casa.
Atrás de si, cantos, sonhos, flores, memórias e prazeres doces.
Tudo se perderá a cada passo dado ao nada
Então, abraça-o na esperança de esquecer suas feridas.

T. Alves

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Cala-me com tua boca. 
Que sejam teus beijos meu despertar. 
Doce aurora, lindo luar. 

Olhos apaixonados vêem beleza nas rochas. Até elas têm a graça divina de ser acariciada no verão pelo sol e no inverno pela chuva. 
Quero eu, teu calor nos dias frios... quentes. Não importa-me, quero-te incondicionalmente. 

T. Alves

sábado, 8 de dezembro de 2018

Resta a Flor



Pra onde fostes amado?

Deixaste-me na estrada só

Fui rodeada por espinhos e demônios,

Almas vãs e espíritos imundos.

Ceguei-me no meio da escuridão, não vi luz ou cousa alguma

Não senti cheiro ou sabor.

Então cai.

Fui tola flor, entorpecida, egoísta, esquecida.


Então passaram-se mil anos, amado,

E pra cada pérola que deixei cair,

Nasceu uma cicatriz.

Sangue jorrava, espinhos cresciam e alimentam-se os demônios.

Restou-se semente, raízes podres e folhas mortas.


(Resta a ti, semear-me ou enterrar-me)


T. Alves