sábado, 6 de dezembro de 2014

Lamento

Minuto a minuto meu relógio que não passa me mostra o tempo. As paredes de pedras frias feitas para proteger abrigam tão bem o vazio e o vento que ecoam o silêncio inebriante desta madrugada fria. Meu sorriso bobo, não está mais aqui. Aliás; já não sei dizer se ele se foi essa manhã ou na madrugada anterior a essa, as vozes que não sessam dizem tanto.  Mas palavras são dispensáveis.
Meu silêncio que cada vez se torna mais cadavérico e meu olhar por si só mais sombrio.  A sombra de meus olhos não são controlados por mim, gostaria de ser capaz mas ainda não sou. E minha incapacidade se acumula aos pés do altar em súplica e prece aos olhos fixos em mim de um infinito azul.
Palavras doces feitas por um coração que ama. Perdoa um preto que não age condizente ao seu próprio coração; este que transborda em uma alma sedenta mas que as vezes se fecham em uma garganta de carne e sangue. Mortalidade maldita que se exibe em mim. Mortalidade bendita que por súplica implora que justifique sua própria história e falhas. Estas que se acumulam ao pé do homem que a carrega.
E minhas incapacidades se acumulam ao pé da cruz que por mais um dia me nega.
Ou seria o tolo homem que tem negado a cruz?

Autor: William Junior


Confesso, senti tua falta naqueles tempos, lembra-te daqueles contos?  Os via como figura posta defronte mim em ares frescos. Meu refúgio suponho, já que fugia de mim e em tuas palavras me encontrava com outros olhos... Os teus.

Divina forma me davas ao passo que, lhe via florescer à mim. Não esqueço-me de tuas entrelinhas expostas, nem mesmo de tuas mãos junto às minhas nas tempestades.
Hoje sei que não há nada mais doce do que o mel que provém de ti nem canto mais belo que de tua alma.

Dá-me teus lábios para que eu me deleite com tua pureza e me entorpeça de ti, me embriague e adormeça por fim em teus braços até teu novo regresso.  Amado ser, dê-me teus contos, tuas liras, teus encantos, cantos, teu olhar...

És tu doce e divino, como  bom vinho ... Mostra-me por fim como és e serei eu o que sou.

Autor: Anjo Negro

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

À ti

Eu em meus devaneios sonhei contigo, perdidos nós em um céu ora claro, ora tempestuoso. Em ambos aqui estavas, aninhando-me ao teu corpo, trazendo-me a ti, mostrando-me o mundo como ele grandemente é.  A ti que andas perdido em tempos, buscando quem sabe outros ares digo-te que ainda espero-te  naquelas colinas, atrás daqueles montes, banhando-me naquelas águas onde estivemos outrora. Saiba também que em todas as primaveras em que eu olhava para o vale a tua espera sempre soube que um dia virias; e sei que ainda virás. Voltes a teu lar, aqui estou ...

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

À ela


Doce e perfumada, teu cheiro é de rosas, as lembranças tuas me alegram a cada florear dos dias, ao passo que queimam-me ao ver que não tenho-te mais comigo. Mesmo que eu me banhe, ainda há um cheiro torpe: o vinho que bebi na espera de sentir teu afago, teu calor, teu perfume. Me embriaguei talvez,a espera de esquecer tua falta...
Quisera eu a volta do tempo...
 Quem me dera tal sutileza da vida, mesmo que fosse um instante pequeno, para que eu, agraciando-me de ti uma vez mais encontrasse o caminho além.


Autor: Anjo Negro



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Desperta-me


Me acorde Morfeu quando chegares,
beije-me a tez, sussurre, aninha-me .
Desperta-me para que eu veja tua graça sob o clarão da alta Lua;
lhe faça meu assim como sou tua.
Dê-me beijos Morfeu! Noite afora, dia adentro, até que se perca o tempo e tu não tenhas mais de partir...
Dê-me beijos, 
para que nos dias frios nos aqueçamos e de ti exale o desejo que escondes.
Aninha-te aqui nas noites tempestuosas e nos faremos um de dois apaixonados, pela vida e seus acasos, o tempo e suas traquinagens...
Beije-me tu Morfeu, abaixo das das estrelas, dos longos temporais, das tardes primaveris, nos outonos, invernos, verão...
Todos a tua graça e beleza, não escondamos pois o amor que temos,
 já que por sorte ou destino, 
unidos somos dois amantes...

Autor: Anjo Negro


segunda-feira, 25 de agosto de 2014


Não sei se minhas lágrimas lhe servem
ou se ao menos respondem às minhas fugas.
Perdoa-me se me seguei em atos, se me vendei de desculpas tolas e te esqueci no caminho.
Perdoa-me pelas vezes que corri de tuas palavras e que fingi não ver teu pranto,
que me irei contra ti por tolice minha.
Perdoa-me se ainda fujo, porém, é de vergonha, já que olhei para trás e vi o quanto perdi... Que quase o perdi...
Pergunto-me se ainda há tempo, de ver-te sorrir ao meu regresso, se ainda és meu lar, se ainda és meu colo..
 Perdoa-me Pai, perdoa-me!
E em minhas tortas linhas lhe digo que te amo!


Autor: Anjo Negro



segunda-feira, 28 de julho de 2014

Resposta à Morfeu


Perdoe-me senhor por não dizer-te a clara voz o quanto lhe estimo,
digo, o quanto lhe apreço...
Justifico-me pois que na altura doce do teu olhar me fogem as palavras...
Perdoe-me se não lhe canto liras,
mas por ti as prendo humildemente em papel e verso,
tecendo pois a ti nas entrelinhas de tantas trovas.
Devaneios à madrugada (...)
Tantas foram aquelas em que tu me cantava prosas,
enquanto eu, as deleitara e pouco notara a tua tão surreal sutileza
de amar-me no silencio de teu próprio peito
enquanto nos cativávamos a poucos passos.

Autor: Anjo Negro



quarta-feira, 9 de julho de 2014

Carta a ninfa...

Vejo em teus olhos palavras minhas que não disse.

Teu sorriso refletido em estrelas que um dia sonhei em tocar; pobres mortais!  Sonham como se o mundo fosse eterno ou como se a vida não fosse mais que um sopro; Mas de que vale viver se não formos felizes? Esta... Que encontrei em meio aos bosques  de uma mente que lutava sem forças para viver trouxe para mim um raio de luz. Para aqueles que se habituaram a escuridão não mais natural do que tentar fugir.

Perdoa-me Ninfa, deveria eu tido mais coragem e me lançado a ti assim que a vi... ou prestado mais atenção aos teus sinais, sorrido mais aos teus encantos. Mas hoje sei o que em outrora não sabia... que a vida pode ter mais graça e sabor, que as palavras não são esquecidas nem que os gestos passam despercebidos, que não a outro lar se não onde queremos estar. Hoje sei o sabor de teus lábios e o anseio do regresso.

Linda, mulher, ninfa, Vênus, inspiração, amor...

Mero vislumbre de ti, as palavras me escapam e eu fico apenas a te olhar...

O que posso dizer? Prometeria a Lua a ti se a quisesse... todas as estrelas do mar... ou todo o mar... Entreguei a ti meu mundo. Mundo este que me habituei a viver só, talvez por isso ele tenha tantas imperfeições. Tantas falhas... Muda de lugar meu mundo, Ninfa; se não houver a necessidade; venha, me abrace pois hoje encontrei o meu mundo, em teus braços. 


autor: William Junior 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

À Morfeu, o Poeta


Afogo-me em saudades,
naqueles dias frios, procuro-te naqueles versos
em cada palavra mergulho,
encontro teu olhar, teu abraço, teu beijo...
Uma lira? Tua voz ecoando em minha mente contando casos.
Acasos unem semelhantes de forma surpreendente!
Eu não vejo prosa ou verso mais belo que aqueles que li
decifrando tua alma naquelas noites em que teu corpo cobria o meu...
Não sei dizer se tu vistes, mas fomos um na forma doce e singular de dois amantes.
Amar-te, querer-te...
Impossível não ler nas entrelinhas de teus contos meu nome escrito.
Culpe o medo por cegar-me àquele tempo...
Agradeço a vida por trazer-me até ti,
também ao Tempo: tão singular e mítico, e suas artimanhas: indecifráveis...
Ele te trouxe a mim naquela tarde.
Linda tarde...! Noites...
E em tantas, nós fomos Ninfa e Morfeu..


Autor: Anjo Negro





domingo, 8 de junho de 2014

Perdão


Perdoe-me se sou a causa de tua dor.
Perdoe-me se sou o motivo de suas lágrimas.
Perdoe-me por esse recíproco, porém, mal resolvido amor.
Perdoe-me pois não posso permitir que os seus braços ainda me envolvam,que teus lábios me toquem,que seu corpo se comprima ao meu.
O tempo nos dirá aonde estamos e o que faremos
Agora nem eu mesma sei aonde vamos...
Porque vamos...
Podes me dizer?
Também estou eu, tão perdida quanto você...
Perdoe-me mas não posso ficar apesar de não ter para onde voltar, não é mais aqui o meu lugar.
Talvez, outrora, nos encontremos numa dessas voltas que a vida dá.



Autores: Anjo Negro e Cida Baêta




segunda-feira, 26 de maio de 2014

Tumulo Frio


Jaz em túmulo frio
Mas acredito que já morrestes antes de descer a sepultura,
Já que a Morte lhe beijara antes que de ti partisse a vida.
A dor lhe devorou o âmago enquanto teu espírito vagava.
Aonde fostes? Perdeu-se na própria escuridão...
Casca vazia anda teu corpo só, inerte pelas vielas pérfidas do mundo.
Triste andou por tortuosos caminhos, seguiu por onde nem mesmo imaginava que houvesse estrada.
Será que ao menos encontraste alívio? 
Pobre ser destruído pelo vazio do tempo, pobre ser abandonado pelo acaso da vida...(descaso?)
Guardado por terra serena és agora corpo ressequido
os vermes se fartaram  de tua carne e os homens devoraram teu coração.
Aonde estás agora? Alcançastes alivio?
Que descanse em paz até nosso encontro futuro...

Autor: Anjo Negro



quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sacia-me



Sacie meus desejos
Ouça a voz de quem lhe diz 



Há outros amores porta a fora 
Que podem me fazer feliz

Outros cheiros, toques, sabores.
Tu que tens os meus, Sacia-me dos teus.

Supra-me de seus amores
Para que meu espírito voraz 
Não venha a desejar
Um outro amor sagaz

Meu coração leviano 
Precisa ser cativado 

Meu coração tirano
Tem que ser reverenciado

Meu coração carente 
Deve ser afagado

Ou ele buscara em outros 
O que de ti tem esperado

Autores: Cida Baêta e Anjo Negro




terça-feira, 20 de maio de 2014

Carta ao Poeta ||


Toques meu âmago, não somente minha pele.
Veja minha alma por detrás de meus escuros olhos.
Sinta a paixão inocente escondida em meus beijos.
Doce é a vida quando a enxerga por além das entrelinhas...
Meus desejos, meus sonhos, meus contos: tolos, tão tolos, tão verdadeiros.
Sinta no vento o perfume das flores distantes, dos campos em que dançamos outrora
Alegres, vivos, nus de conceitos, trajados de nós mesmos.
Quando deitados, observávamos a Lua e seus reflexos 
espalhados em minúsculos pontos, num céu belo dentro do teu olhar,
na pureza dum carinho 
de amores tortos e perfeitos...


Autor: Anjo Negro



segunda-feira, 19 de maio de 2014

Amor Animi ||


Vejo que não compreendes quando digo que o entardecer refletido em teus olhos é divino...
Por onde andas linda criatura que não vens de encontro a mim?
Estive aqui todo o tempo esperando por tua vinda, nosso Éden é tão vazio sem a tua presença...
 Pergunto-me onde está o Paraíso afinal?


Vejo-te na escura noite onde sempre me prometestes que estarias. Eu trocaria a eternidade por tê-la todos os dias.

Diga-me, que mal há em ama-la loucamente bela criatura?
De mim já se fugiu a sanidade, estás em meus pensamentos, parte tua corre em minhas veias incessantemente...

Por quanto tempo me torturarás? Sabes bem que sou teu, que te desejo.
Não vejo amor em outras línguas, nem mesmo prazer em outros corpos.
Apenas tu és minha morada, meu refúgio, meu adormecer tranquilo.
Voltes ao nosso lar, viveremos outros tempos, nossos tempos!


Autor: Anjo Negro




segunda-feira, 12 de maio de 2014

Afã...


Saudade...
Do teu corpo, do teu cheiro, teu sabor... talvez... do gosto da tua alma, dum regalo da paixão sagaz... Teu beijo, teu suor, teu cantar aos meus ouvidos...
A paixão é enlouquecedora se olhar dentro fundo de teus olhos escuros como na noite em que fomos um. Talvez se visse o clarear do dia se não estivesse eu perdida em pecado. Junto a ti nos perdemos, nos achamos, nos amamos.
Saudade, desejo, amor...
Esqueci-me em teus braços, adormeci em teu calor, refresquei-me em teu hálito fresco quando me dizias belas cousas.
Afãs, doces afãs...
Ando sonhando com aquele teu sorriso ao pé de minha orelha, teu semblante faminto ao ver-me despida de pudor (assim como tu).
Creio que enlouqueci por querer-te tanto a todo o tempo.
Inebriante loucura...
Também a vejo refletida em ti, naquele teu gingado quando me dominas...


Autor: Anjo Negro

terça-feira, 6 de maio de 2014

Devaneio


Observando o bailar das nuvens acima da minha cabeça, perdida em suas formas, viajando por entre o céu anil...
O voar dos pássaros sempre me encanta... Será que estes compreendem o invejar humano por tal dádiva? Rasgar os céus dia-pós-dia, beijar a imensidão azul. 
A perfeita obra do Criador...
Gostaria eu de mergulhar em teu infinito, tocar as estrelas, banhar-me no clarão da Lua mais de perto.
Maravilha das eras, por tantas vezes ignorada. Tolos são os seres que passam por ti indiferentes. 
Pobres criaturas ignorantes.
Eu, porém, fadada apenas à terra, abaixo de tua calmaria e tempestades, observo deslumbrada a beleza real da vida...

Autor: Anjo Negro



segunda-feira, 28 de abril de 2014


Quem sou eu, pobre mortal para resistir aos encantos de uma Ninfa?

Quem sou eu, pobre mulher para resistir às liras de um poeta?

Ninfa,senhora dos sonhos meus... de nada seriam os poetas sem inspiração e essa, senhora minha, provém de ti.

Morfeu senhor dos sonhos, me honra ser a inspiração tua. És a canção aos meus ouvidos que me adormece todas as noites...

Queria ser eu a velar teu sono... lhe aconchegar em meus braços a noite e simplesmente sentir teu calor junto ao meu.

Quisera eu deitar em teu leito, aquecer-me no calor de teus beijos, renascer contigo a cada raiar do sol.

Vivemos tempos onde podemos nos dar ao luxo de acreditar que os sonhos são possíveis. De que nem todo desejo é vil... de que o tempo está a favor de nós.

Sim, são novos os tempos... Talvez seja meu o pecado de desejar-te, que seja então, pois de todos os sonhos este é o mais doce.

Dividimos da mesma fruta e do sumo que escorre de teus lábios também escorre dos meus. E se for este o meu pecado que seja o único, pois pecado maior é não estar junto a ti.

Doce fruta, teu doce olhar, não sei o que mais me enfeitiçou... Beije-me Morfeu antes que se findam as eras e eu não lhe veja mais...


Autores: Anjo Negro e William Junior


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Amor Animi


...Desejo que sintas meu beijo quando fechares os olhos nas noites escuras.
Desejo que sintas meu calor, repousado em tua cama nos dias frios...


Teu rosto calmo ao descansar em meus braços, que jamais se esqueça do calor de nossos beijos ao acordares. Cada palavra, cada gesto, cada toque, cada olhar... as palavras não ditas. Vejo os teus olhos ao fechar os meus.

Me digas homem, que fizestes a mim para que caístes a ti de amores? Que fizestes Morfeu? Feitiço ou mera obra do acaso?

Admito que agi em função do acaso, mas sozinho o universo conspira em função do amor. Na primeira vez que te vi não sabia o quão  importante tu serias para mim. E as primeiras palavras, estas foram ditas  por ti... Pergunto o mesmo a ti Ninfa, o que fez para eu lhe amar de tal forma? Espero do tempo a muito um presente, serias tu?

Pobre criatura sou eu para entender as artimanhas do tempo, apenas corro junto a ele, num deses caminhos encontrei-lhe a um canto. Mas ainda não compreendo o que me dizem teus olhos. Diga-me tu o que lhe balbucia a alma?

Basta saberes que hoje compreendo mais a tua. A alma de um homem é complicada minha Ninfa, mas se tiveres  um mínimo de paciência ela se revelará por si só. Hoje ela tem consigo saudades e desejo. O tempo se diverte com os mortais se escondendo  por trás do acaso. Mas me fascino 
com ele todo o tempo...

Fascino-me eu por tua graça, teu olhar, teu sorriso que ecoam em minha mente a cada minuto. Perdoe-me mas já se esvai a noite e lhe tenho mais uma pergunta.

Diga-me o que queres saber?

O que vês em mim meu senhor? Não creio que eu mereça o amor que me dás?

Creio que temos parte em tudo que cultivamos em nós e nos outros. Em ti vejo verdade, sinceridade, beleza... Mas nada disso procuro... Vejo em ti semelhança a mim. Tua loucura se parece com a minha, teus medos, até tuas incertezas. Tuas perguntas são as respostas que tenho, assim como minhas perguntas só tu soube me responder. Não sei dizer ao certo o que vejo, mas sei que o que vejo me encanta. Sei que quando se vai parte minha vai junto, sei que quando  te vejo me alegro. Gosto de cada momento em que estamos juntos e que o tempo não faz diferença quando estou contigo. Seria esse o poder das Ninfas afinal? Mudar a mente e o coração de  um homem? Diga-me afinal, sentes o mesmo por mim?

Não compreendo o que sinto, apenas lhe afirmo, é surreal. Não conheço a forma de dizer-lhe o que me grita o peito, desconheço também tais sentimentos, se por esquecimento ou por falta de tê-los, apenas digo-lhe Morfeu, que o medo me balbucia dizeres e que plantastes em mim a mais formosa flor. Roubastes minha paz quando olhastes em meus olhos pela primeira vez...

Tens contigo também minha paz, só não sei dizer porém a quanto tempo. Que cultivemos juntos tal flor para que possamos criar dela o mais belo jardim.

Não tarda muito o amanhecer... Tens mesmo de ir? Porque não ficas? És tu sonho ou realidade para que fiques assim tão pouco?

Sim, tenho de partir. A realidade é mais curta do que  nossos sonhos senhora minha. Mas a realidade sempre será melhor...

Desde que tu sejas a minha! Voltes logo Morfeu...!

Anseio pelo regresso. E hoje não vejo outros braços que não sejam os teus...


Autores: Anjo Negro e Willian Junior




terça-feira, 22 de abril de 2014

Acasos do Tempo


Talvez o tempo me negue o teu calor, os beijos de tua boca, tua conversa franca ao pé do meu ouvido.
Talvez o tempo pare naqueles dias frios quando estamos sós.
Talvez o tempo me separe de ti como castigo por meus atos.
Talvez o tempo nos julgue por nossa loucura parecida, porém talvez saiba que seres loucos também amam.

Espero aqui a passagem do tempo, este que cruzou nossos caminhos um dia, que o mesmo os coloque lado a lado outrora.
Espero aqui seu correr, sua lentidão.

Artimanhas do tempo, traquinagens do acaso...

Talvez o tempo me perdoe, talvez me condene a distancia tua.
Talvez o tempo compreenda que jamais apagará teu olhar gravado em minha mente.


Autor: Anjo Negro




quarta-feira, 16 de abril de 2014

Lamento


Pérfida e suja, meu corpo sob toneladas de imundícias...
Onde estás chuva para que me laves? Dessa sob mim, fria e densa, me limpe o âmago da dor que me devora.

Estou alucinada por tantas vozes que me perturbam o sono...
Cansada, demasiada só.

Que mais farei além de ajoelhar por sobre este caminho de pedras e implorar?

Onde estás tempo?Porque não corres ligeiro e leva consigo tudo o que não mais me pertence? Parastes para assistir meu pesar?

Tu e todos aqueles que me apedrejam já não se fartaram de minha carne?
Vermes! Aplaudam quando eu finalmente cair. Dancem sob meu cadáver inerte. Se fartem de meu sangue enegrecido pelo ardor daquelas palavras...

Não me recordo dos caminhos por onde andei, apenas carrego as marcas que eles me deixaram.

Doce vida, amargo existir...

Creio que se esvaem a luz de meus olhos, aonde irei eu?
Perdi-me naquela tempestade, afoguei-me em tantas lágrimas...

Perdoe-me Criador por minhas iniquidades mas meus pés já não aguentam mais caminhar sobre tantos espinhos...


Autor: Anjo Negro



segunda-feira, 14 de abril de 2014

Somniun Morpheus


Invadistes meus sonhos uma vez mais ligeiro, matreiro, lampeiro
com aquele sorrisinho de criança que detém um segredo.
Trouxestes as flores de teu peito, o dom de tuas mãos, os beijos de tua boca.

Doces sonhos irremediavelmente viciantes...

Te vejo, te quero, te desejo, todas as noites quando adormeço, meus meros sonhos, meus tolos devaneios, meus afãs das noites frias.

Donde vens Morfeu? Para onde vais para que eu o siga?
Meus amanheceres são tristes quando partes.
Porque se vai assim tão de repente?
Quero teu cheiro, teu calor, tua pele junto a minha. Porque foges?
Transcenda meus sonhos, venhas para o meu lado..

Calmos e seremos passaremos os dias a saciarmos a paixão presa sob nossa pele.
Acima das nuvens, distantes do mundo, escondidos do correr da vida.

Que esqueçamos o tempo, e que este porém, também nos esqueça...

Autor: Anjo Negro


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Canto a Ninfa


Tão belo e doce ser das florestas aonde fostes com meu coração?
Por que o roubastes de tal forma?
Tua beleza me segou as vistas, pois vejo-te em todos os rostos...
Teu olhar divino como o amanhecer, aquelas cores (lindas cores...) como poderei sequer esquecê-las?
Ainda posso sentir teu cheiro, aquele nos dias frios e chuvosos quando tu se aninhavas em meus braços...
Oh Tempo! Porque não voltas para que eu possa senti-la novamente? Porque me castigas?
Por favor traga-me aquela boca, traga-me aqueles olhos, para que eu diga a ela que a quero, que a amo, que minhas liras ainda são em teu nome e que tua voz ainda ecoa em minha mórbida mente.
És tu o pecado de minha carne!
Ser-me-ei julgado por meu erro de amar-te que seja, pois não há vida que valha sem que estejas ao meu lado, nem mundo algum que caiba a dor de perder-te.
Tempo! Tempo! Tempo!
Quando ouvirás minhas súplicas?
Peço ao vento que as leve aos teus ouvidos, que ouças e que voltes.
Esperar-te-ei naqueles montes acima das nuvens.
Mesmo que se findam as eras, ainda estarei a aguardar-te.
Doce luz dos meus olhos, ilumine este meu caminho obscuro.

Autor: Anjo Negro





terça-feira, 8 de abril de 2014

Menina dos Sonhos


Prove de minha carne apodrecida e envenenada pelo tempo...

Aquelas mágoas me torturaram por eras e agora se vão, dando fim ao que fui outrora.
Tenho tido a noite como refúgio, as sombras como esconderijo já que me despedacei em vãs palavras... 

Percebes o sabor que tenho?

A dor me dilacerou o âmago; não procures amor em meio a restos, não poderei dar-lhe o que não conheço.

Minha alma vaga por caminhos tortuosos, escutando o ecoar do granido dos corvos, devorando o corpo inerte que sobrara..
Multidões feitos de pedras, desertos frios e secos.
Observo daqui tantas almas perdidas, tantos seres pérfidos...

Me juntarei aos meus, também devastados pelas tempestades de areia, imundos pela frieza dos homens.

Esqueci-me de dizer-lhe, a escuridão que me cativa não é a mesma pela qual eles se perdem. (Entenda...)

Vou em busca da vida, ver o que meus olhos tanto anseiam.



Autor: Anjo Negro




quinta-feira, 3 de abril de 2014

Carta ao Poeta


Homem só, sentado está no topo dum monte
ali ele encontrou a paz, o conforto da mente.

Vejo-te de longe, penso eu: aonde estás?

Teu corpo à minha frente,
tua mente à deriva num mar de sonhos.
Achaste o que procuras?

Mancebo pensador, trovador de devaneios
caneta e papel são as armas que possui.
Teus olhos vêem as maravilhas ocultas no mundo,
a vida da forma maravilhosa que é.

Mostrei-me a ti nua e teu olhos como faíscas acesas
iluminaram aquele caminho obscuro.
Como podes me enxergar naquele vazio?
Tens um dom divino...
Deleite-me com tuas liras, entoe-me tuas canções.

És a joia rara neste deserto de pedras!

Conte-me teus sonhos,
mostre-me tu a essência que escondes.
Doce mancebo o que temes?

Se desejas, serei os ouvidos para que cante,
os olhos para que escrevas,
o caminho para que andes além...

Tu que vês o inferno e o céu dentro dos homens 
(dom ou maldição?)
Diga-me o que vês em mim?

Homem só, sentado ao topo do monte
teu efúgio sereno e silencioso,
espírito de poeta,decifrador de almas.
Diga-me quem és tu?


Autor: Anjo Negro



quinta-feira, 27 de março de 2014

Cartas entre Amantes


Encontre-me linda Ninfa, encontre-me
à beira dos abismos da perdição.
És minha joia rara, minha flor do deserto.
Teus lábios me incendeiam, teu calor em minhas mãos...
Por favor não resista!

Encontre-me tu nas noites enluradas
abaixo dos teus olhares permanecerei a tua espera.
Pérfido homem, teus devaneios são doces e embriagantes,
como posso eu, fraca mulher resistir aos teus encantos?
Teu calor cativa-me a simples toque.

Doçura da flor,beleza da terra,
teu cheiro, teu amor: sabor em regalo.
Minha dádiva em fina forma, minha paixão lhe anseia,
meu desejo me queima, venhas a mim!
Ninfa fala-me onde estás?
Chama-me tão doce e por mais que lhe busque 
sinto que ainda se afasta...
Meus olhos que repousam sobre ti instigam minha mente.
Deixa-me encontrar-te, tocar tua pele...
Se for necessário, vamos aonde possamos ser vistos
que o tempo pare, que seja ele o nosso cúmplice
e se formos acusados, diga que foi por amor. 
Não haverá quem nos condene.

Diga-me Senhor, quem és tu?
A maldição de minh'alma ou a alegria de minha carne?
Onde fostes que se apartou de mim?
Se é por amor, porque não me encontras?
Venhas a mim, dê-me tua mão, mas não a solte.
Sabes que sou tua desde os primórdios das eras!

Sou aquele que gostaria de fazer-lhe feliz...
Mostrar-te um mundo tão grande quanto ele verdadeiramente é.
Afastei-me de ti quando percebi que havia mais em minhas ações
do que o simples acaso nas palavras, 
mais sentimento do que me lembrava ter.
Se por bem tomar a tua mão, trarei a ti para perto de mim.
Isso mudará teu mundo... Assim como o meu...
Sei das consequências de meus atos, 
pergunto lhe apenas se é mesmo o que queres?

Anseio por ti exasperada, tua alma me enobrece.
Clareie as escuras terras por onde andei. 
Envenenastes meu coração com tuas palavras. 
Meu Senhor, o que temes? Me basta o amor que tens a mim.
Teus sonhos, tuas loucuras, teu sabor... Sejas meu como sou tua...
Digas, o que queres de mim?

Quero apenas a ti, e isso já me basta.

Onde estás para que lhe encontre? 
Não enxergo-te, onde andas?

A tua procura...
Ninfa, encontre-me no mesmo Éden, 
no mesmo lugar onde nos vimos pela última vez.
Que seja este o lugar. Que seja este o início de novas eras,
tanto para mim quanto para ti.

Espero-te sim, reencontrar-te e saciar-me de ti.
Paremos o correr da vida para que eu não mais te perca.
Mas até lá, encontre-me tu no meio das noites à sombra da Lua,
à margem dos espelhos d'água.
Verei teus olhos refletidos na escuridão,
que vejas os meus em tua mente aonde fores.

E que assim seja..

Autores: Anjo Negro e William Junior



segunda-feira, 24 de março de 2014

Sonho Do Poeta


Invejo-te pássaro...

Tua liberdade é divina
voas pela imensidão do mundo 
e observa a nós, pobres seres terrestres.

Deveras diverte-se por nosso fardo:
viver presos ao chão
enquanto tu vês o mundo de outros ares...

Somos a imagem e semelhança do Criador
mas me parece teu voar a perfeição criada.
Sonha o homem ser como tu, bela ave
possuir o dom que se prende em tuas asas.

Invejo-te animal do paraíso...

Quisera eu ter um dia de tua dádiva,
ao menos que fosse um minuto sequer.
Voar pelas manhãs ensolaradas,
assistir aos entardeceres longínquos dos altos,
ver o luar surgir por cima  dos montes.

Pobres de nós homens... Pobres sonhadores...

Sentenciados à terra debaixo de nossos pés.
Sentenciados a ver-te gozar de teu voar alto e fugaz.

Desejo-te visa longa, filho da perfeição,
que tuas asas o levem para onde jamais irei
e teus olhos vejam o que os meus jamais verão.

Cante a nós tuas viagens, tuas primaveras.
Observe-nos cair abaixo de ti.

Ainda que se acabe o tempo
jamais alcançaremos um décimo de tua plenitude...

Voes alto e veloz, divino ser. Voe...


 Autor: Anjo Negro