quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Ijó

Danças entre ruínas enquanto padeces.

Em tempestades, louvas às torrentes 

Percorres descalça estradas afiadas,

E como delirante bailarina, cais.


As vozes cantam,

Não são as mesmas que gemem?

Onde estarias tu, ao estar defronte à lucidez?

Onde estás tu, que findou à noite?


Ainda bailas inocente, entre cacos e rachaduras

Ignoras a dor, atuas pela falsa benção. 

E ao fim da melodia, ainda saltas, ainda cantas

A fim de que se esvaia tua agonia,

por entre lágrimas e piruetas.


T.Alves




sábado, 4 de novembro de 2023

Èmi ni

Eu sou a filha da deusa

Me encontro ao desabrochar das rosas e da vida

Sou doce como a brisa, e tempestuosa como a chuva

Podes ter meu calor afável, te acolho em meu ventre

Selvagem, me misturo ao tempo

Meu pai, bruto como rocha, e protetor

Sou filha dos deuses, abençoada criança

Eu ouço suas vozes, eu sinto sua presença

Eu sou a cria da mãe, a que corre pelas matas e ama 

A que chora e luta

A que foge e queima

Eu renasço em mim, de mim, para mim

Eu sou a filha da luz e da escuridão

Eu sou parte do pai

Eu sou a mãe.

T. Alves