14 maio 2021

3


Me contes Morpheu, qual tua canção mais amada?
A de liras em noites enluaradas? 
A de fugazes pássaros da primavera? 
A do vento após a tempestade?
Conte-me que som faria eu, para adoçar seu âmago e iluminar teus dias.
Talvez, o silêncio calmo da manhã seja tua escolha, 
Ou quem sabe, o mar ao longe falando às rochas?
Por graça tua, me digas,
Como aquecer teu peito? 
Como abraçar tua alma?
Como aninhar-te para que descanses?
Dar-te-ei o que pedires.
Correrei céus e terra, implorarei a Gaia que lhe abençoe.
Apenas diga-me, qual canto cantas tu?


T.Alves


 

01 maio 2021

2

 Sou folha solitária que dança ao vento suave,

Sua dança é leve à luz do sol poente,

As cores são fugazes.


Sinto cheiros doces, aonde me levas?


Queria ser a semente que renascerá em vida.


Sou folha secando à belprazer do tempo,

Bailando as graças da brisa do entardecer.

Não recordo de casa,

Sou lembrança de outrora,

Mero pedaço de alguém distante,

Vislumbre absorto.


Sou folha seca caída aos pés de algum.

Sou o passado esquecido.

Amanhã nada serei.


T. Alves




21 abril 2021

1

 Caindo abismo abaixo, sem compaixão

O frio percorrendo meus ossos

A dor cortando minha carne.


Ilusão de dias calmos,

O sol, o tempo ameno, as gotas de chuva.

O som do tempo corrente

Perpassa minha percepção

E continuo em queda.


Fechando os olhos, vendo fantasmas

Sonhos são tolos, pesadelos são reais.

O negro véu que cobre a vista,

O medo palpável

Não há fundo no abismo.


T. Alves




25 dezembro 2020

À sós



Eu me desfiz em pedaços,
Debaixo de cada lágrima, 
Um traço de consciência
E após a torrente, um deserto seco
Sorrisos falsos, abraços frios


O tempo traga um cigarro fedido
Em cada trago, um intervalo
Não enlouqueci, apenas contei doces mentiras
Esqueci de mim mesma, me tornei parte delas
A elas dediquei tragos
E a cada trago, mais tempo

Tempo, tempo, tempo
Me perdi na fumaça seca,
Me esqueci da essência
E desejei as lágrimas. 

Como juntar os pedaços?
Como colar cacos?
Como me refazer por inteira?

T.Alves



24 junho 2020

À mim, hoje



O que eu fiz? 
Aonde eu fui? 
Quais mentiras eu contei? 
Quais verdades inventei?

Quando meu sangue jorrou, quem 
estava lá pra me ver cair?
A rainha caída cercada de nada.
Eu corri, voltei pra casa, me perdi e caí novamente.

Perdoe-me se não me vês como antes, mas como reconstruir o que foi quebrado?

Não consigo me achar. 
Aonde eu fui? 
Você me seguiu?
 Você me viu? 
Aonde me deixei?

Comecei de novo, apesar de cada dor e cicatriz. 

Aonde fica o fim de tudo? 
Aonde encontro descanso?

Presa num mundo escuro dentro de mim mesma.

T. Alves

05 janeiro 2020

Sobre a Vida


Sobre a vida: a primeira coisa que me ocorre é que ela muda.
A inequívoca certeza da mudança, o tempo que se finda se renova no início de algo que os otimistas insistem em dizer ser um presente.

Sobre a vida, não a nada que se possa dizer; nada que muitos já não tenham dito, seja ele, filosofo, ou poeta, seja ele um sábio acadêmico, ou um vivente embebido de certezas sentado em uma mesa em algum bar.

Sobre a vida ressalto a certeza de que ela não é justa.
De fato, não é. Se quer o sol brilha para todos; quantos em suas salas empoeiradas atarefados com as certezas dos outros não gostariam de ter a liberdade de descansar ao sol?
Enquanto alguns se deleitam dele, com plena certeza de que outros se matam para lhe proporcionar aquele momento único.

Sobre a vida, eu posso dizer que vivi.
Posso dizer que a vida é curta para aqueles que olham para trás, mas que é longa e lenta para lapidar a rocha, longa e paciente o bastante para moldar a montanha, nós que somos perenes de mais para passar pelo mundo como um sopro e inconsequentes o bastante para não nos deixar moldar.

Sobre a vida... oque poderia eu dizer sobre a vida?
Oque poderia dizer sobre os que vivem?
A vida é como uma estrela cadente, só se pode contemplar quando se finda. A obra só se faz completa, em seu todo; então como pode, eu, pobre e louco dizer sobre a vida?
Sobre a vida; obra inacabada minha.
Vivida e lapidada sobre duros golpes, reluzida sem brilho próprio, não sei dizer se há brilho em viver, não sei dizer se todos os que brilham, outros são capazes de ver.
Não sei dizer aonde há mérito. Aos olhos da serpente o rato é um alimento, como tal agraciado por Deus. Aos olhos do rato a serpente é um monstro abominável, teria Deus partido sobre o rato ou a serpente?

Sobre a vida; à pequenas certezas, ela mais complexa que seus olhos podem ver.
Não vemos o mundo como ele é, vemos somente o que somos capazes de ver, então como podemos julgar?
Sobre a vida à certeza de que a morte igualara a todos os que vivem, seja ele um igual, ou completa a diferença. Pobre o que vive com medo do fim, mas pobre de verdade é aquele que fora condenado a viver para todo o sempre.

Sobre a vida; concluo dizendo que ela tem um fim, não há nada que não se finde.
Posso dizer que ela é um ciclo e que a primavera como o poeta diz ainda será amanhã mesmo que eu aqui não esteja para ver.
Posso dizer que a vida está dentro daqueles que estão vivos, mas sem dúvida nem todos vivem, estrelas que brilham e se apagam no céu sem ter a oportunidade de ter aqueles que a contemplem.
Termino após tanto dizer com a certeza da ignorância. Apesar de ter a compreensão das minhas palavras e do fim pragmático, digo com esperança. Olho o horizonte com menos peso, mais leveza em minhas certezas e em minhas ações. Afinal tudo se finda; sendo assim não a mau eterno. Nada é eterno, nem a certeza da eternidade.

A vida é assim.

Sobre a vida: Nada tenho a dizer.


Will Junior

19 novembro 2019


Hoje cedo não vi as cores,
O raiar do dia era insosso e os sons pareciam abafados.
Tudo era cinza e frio, se por realidade ou eu que perdi a cor dos olhos,
A nitidez dos traços era fosca, também lhe faltava algo.
As horas voam, ao passo que o tempo permanece parado.

O Tempo, parece brincar com a vida, 
As vezes ele dança, as vezes a ignora, as vezes apenas a acompanha. 

Que queres? 

Me cansei dos dias mornos, frios à pele de quem desfalece a cada passo.
Me cansei do calor das lágrimas que escondo e reprimo.
Me cansei da vida, repetida, rotineira, o círculo infinito.

E agora?

Hoje cedo, procurei os pássaros livres da manhã,
Procurei a luz do amanhecer,
Procurei sons,
Procurei porquês,
Procurei a mim. 

T. Alves

13 abril 2019

Pranto

Não sei que palavras dizer para definir
Ou que canto tocar para compreender
Vi no inverno um lago gelado, ainda assim, mergulhei
Desejei que o frio me tomasse. 
Se o calor esvaisse  de todo, nem medo me restaria
 Minhas lagrimas fariam parte da água gélida
Nem mesmo dor alguma sobraria,
 já que me roubaram tudo 
(Ou talvez eu  as tenha perdido).
Já não importa se o que sobra é vazio ou escuridão.

T. Alves

31 março 2019

Vozes na Noite


Meu vazio cresce exasperado, pergunto até onde vais?
Tenho tido dias longos e noites turbulentas
Nem em meus sonhos encontro alento.
Hoje vi o alvorecer e ainda assim não tive esperança.

Não é teu corpo que desejo, mas tua alma que conhecia a minha
Teu toque furtivo que me trazia o bem,
Teu afago que me acalmava.

Eu não tinha lágrimas, nem me lembrava do quão só existia
Nem mesmo do abismo em mim, que me traga.

Será que fui enganada pelos belos contos?
A vida é efêmera e dolorosa.

Me cantaram sobre sonhos divinos, eu, simples mortal o quis.
Quis tê-los, vivencia-los, perder-me.

Agora amarga, me ensopo em lágrimas por minha tolice.
Homens não são dignos de deleitarem sonhos.

T. Alves 

17 fevereiro 2019

À mim


Enquanto eu dançar pelos mares
Ouvindo ventos uivantes e choros estridentes
Na madrugada, de corpo limpo e alma sórdida,
Os olhos vidrados no vazio de mim mesma.
Por onde andaria a parte que falta?
Se falta ou se perdeu na confusão dos dias,
Da minha mente turbulenta.
Mil cores remetem à aromas, das minhas memorias confusas.
Quando é presente se o passado bate à porta do amanhã?
Onde estarei no fim?
Inexistência é um alento!
Pensando nisso, um sorriso me volta ao rosto.
Te aguardo nos portões da morte, rodeada de flores e desejo.

T. Alves