Eu vi mil faces do abismo
Mil vezes escondi-me de mim
Mil faces me olharam de volta,
E outras mil vezes as vi.
Sonhos e pesadelos? Homônimos
Raízes secas entrelaçadas em minha mente
A cada poça de suor, uma nova história.
Será possível adormecer em paz?
Quantas vezes ainda contarei os tic-tacs do relógio?
Na madrugada, mil vozes me atormentam,
Mil olhos me julgam,
Mil vezes me destruo.
Qual a culpa do inocente?
Nascido vivo, morto ao crescer.
O que plantar em solos áridos?
Como regar a dor sem mágoa?
Pra onde ir, se não há estrada?
Eu assisti à borboleta alçar voo
Indo para longe, desenhando seu caminho
E senti inveja da sua liberdade.
T.Alves