18 outubro 2024

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 Boca, 

dedos, 

língua, 

tesão.

Tapas, 

gemidos 

suor.


Derrame teu mel no meu leito,

Derreta, 

se inverta, 

levante, 

sobe, 

desce.

Sacie minha sede com tua água.

Afogue-me!


Mãos e pernas trêmulas.

O frenesi que sufoca, 

deleita-mo-nos!


Assisto estrelas, lugares, vidas 

Nós. 


Jamais imaginei que ao tocares meu corpo, também adentrarias minh'alma.

Apenas tu chegastes tão longe,

e tão perto,

de mim.


Finalmente,


Não sou só carne!


T. Alves



Pandora

 

Semelhante à deusa, tens os dons guardados numa caixa?

Veste-se como prateada Lua?

Usa de palavras como facas afiadas, ou embebeda os homens como vinho?

 

Quiçá, serias tu, a tal guardada por Kore no submundo.

Parece-me mais provável, já que detinhas os segredos da beleza eterna.

Não a beleza venerada pelos entes, mas a guardada na alma,

a doçura da inocência, o riso alegre da dança, da poesia, da vida.

 

Viajas entre mundos, em busca de união.

Grande fardo carregas ao ser parte de um todo.

Os homens, a amordaçaram,

Teu eu despedaçado, a ponto de restar poeira.

 

Pois digo-lhe, formoso ser,

Darei eu, parte minha, para que do pó sejas barro, do barro se faça o novo.

Darei a ti a força para ressurgires.

Abra-se novamente, revele ao mundo o que guardas,

Não o mundo vil, mas àquele, de bom grado e coração.

 

Saúdo a ti, Pandora.

Me concederias nova dança?


T. Alves




16 outubro 2024

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Afogado em lamúrias e dor, se revestiu de mágoas e palavras. Elas falavam mais de ti do que de outrem. 

Eu, guardei seu corpo frio nos braços de Gaia, para que algum amor lhe tocasse, como mãe, ela não distingue santos de pecadores, apenas os ama.

Em mim, enterrei fundo as mágoas, fingi alegria engolindo lágrimas e ainda assim, não fui suficiente.

Hoje, debato com os mortos sobre a vida, quiçá infinita, cíclica, finda. 

Se acordei meus infortúnios, quero rever o contrato. 


T.Alves