Semelhante à deusa, tens os dons guardados numa caixa?
Veste-se como prateada Lua?
Usa de palavras como facas afiadas, ou embebeda os homens
como vinho?
Quiçá, serias tu, a tal guardada por Kore no submundo.
Parece-me mais provável, já que detinhas os segredos da
beleza eterna.
Não a beleza venerada pelos entes, mas a guardada na alma,
a doçura da inocência, o riso alegre da dança, da poesia, da
vida.
Viajas entre mundos, em busca de união.
Grande fardo carregas ao ser parte de um todo.
Os homens, a amordaçaram,
Teu eu despedaçado, a ponto de restar poeira.
Pois digo-lhe, formoso ser,
Darei eu, parte minha, para que do pó sejas barro, do barro
se faça o novo.
Darei a ti a força para ressurgires.
Abra-se novamente, revele ao mundo o que guardas,
Não o mundo vil, mas àquele, de bom grado e coração.
Saúdo a ti, Pandora.
Me concederias nova dança?
T. Alves