18 outubro 2024

Pandora

 

Semelhante à deusa, tens os dons guardados numa caixa?

Veste-se como prateada Lua?

Usa de palavras como facas afiadas, ou embebeda os homens como vinho?

 

Quiçá, serias tu, a tal guardada por Kore no submundo.

Parece-me mais provável, já que detinhas os segredos da beleza eterna.

Não a beleza venerada pelos entes, mas a guardada na alma,

a doçura da inocência, o riso alegre da dança, da poesia, da vida.

 

Viajas entre mundos, em busca de união.

Grande fardo carregas ao ser parte de um todo.

Os homens, a amordaçaram,

Teu eu despedaçado, a ponto de restar poeira.

 

Pois digo-lhe, formoso ser,

Darei eu, parte minha, para que do pó sejas barro, do barro se faça o novo.

Darei a ti a força para ressurgires.

Abra-se novamente, revele ao mundo o que guardas,

Não o mundo vil, mas àquele, de bom grado e coração.

 

Saúdo a ti, Pandora.

Me concederias nova dança?


T. Alves




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