Queimem!
Malditas bruxas que assolam meu vilarejo!
Malditas são as palavras de sua boca!
Queimam como veneno e brasa.
Escorrem pelo canto da boca, dilaceram a carne, o ser.
O lorde ordena! Queimem!
Ora meu senhor, não eras tu que se deliciava na mata?
Nas noites de Lua, uivava como licantropo,
nos campos, se esfregava à terra.
Se embebedava com a chuva e os rios tortuosos.
Agora, santo és? Nega tua própria alma?
Crepita o fogo, ilumina a noite,
mais forte e mais belo,
mais voraz e faminto.
Queimo eu, filha da Luxúria e da boca deletéria.
Filha das deusas e do homem funesto.
Queimo eu, a bel prazer de raça corja.
Deleitem-se com o espetáculo!
Minhas cinzas passearão com os ventos,
as tempestades me unirão à mãe.
A justiça que rogo, vem à galope.
E dor das chamas lhe sugará
a alma imunda.Eu, retornarei em alguns dias,
meu espírito é imortal, minha fé é perene.
Tomarei para mim o que me deves,
dançarei sem medo acima dos ataúdes,
e rirei de seu argueiro.
Reverdeça!
T. Alves
Nenhum comentário:
Postar um comentário