01 novembro 2024

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Queimem!

Malditas bruxas que assolam meu vilarejo!


Malditas são as palavras de sua boca!

Queimam como veneno e brasa. 

Escorrem pelo canto da boca, dilaceram a carne, o ser.


O lorde ordena! Queimem!


Ora meu senhor, não eras tu que se deliciava na mata?

Nas noites de Lua, uivava como licantropo,

nos campos, se esfregava à terra. 

Se embebedava com a chuva e os rios tortuosos.

Agora, santo és? Nega tua própria alma?


Crepita o fogo, ilumina a noite,

mais forte e mais belo,

mais voraz e faminto.

Queimo eu, filha da Luxúria e da boca deletéria.

Filha das deusas e do homem funesto.

Queimo eu, a bel prazer de raça corja.


Deleitem-se com o espetáculo!


Minhas cinzas passearão com os ventos,

as tempestades me unirão à mãe.

A justiça que rogo, vem à galope.

E dor das chamas lhe sugará

a alma imunda.


Eu, retornarei em alguns dias,

meu espírito é imortal, minha fé é perene.

Tomarei para mim o que me deves,

dançarei sem medo acima dos ataúdes,

e rirei de seu argueiro. 


Reverdeça!

T. Alves



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