08 novembro 2024

Ijí

São tempestades que nos movimentam

aquelas, que nos reviram do avesso,

que nos descoram, nos destroem e nos inundam.


Só, enclausurada no olho do furacão,

ouvindo o sibilar dos ventos, 

as gotas tempestuosas que caíam feito agulhas,

rasgada em mil partes, me vi nua. 

Despida de prazeres, 

sentimentos, posses.


A cor enegrecida das nuvens me lembraram da minha própria escuridão.

Os raios e trovões, eram os gritos que calei em mim;

e cada lágrima que prendi, me atulhou.


Prostrada, ouvi de linda moça:

- Até quando sucumbirás à tempestade, ao revés que tu és uma? Até quando ajoelharás e darás a nuca de bom grado ao carrasco?  Até quando, filha minha, negarás teu eu e curvarás às podres almas que lhe oprimem? 

Por todos os ciclos lhe acompanhei, lhe guiei e lhe acudi o pranto. Alce voo, criança, nunca estivestes só, somos muitos, e somos seus.


Então, me ergui e segui.


T. Alves





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