terça-feira, 23 de abril de 2024

Ao bardo

Não me fites.

Tenho me esvaziado aos poucos,

Em lágrimas secas e prantos mudos.

Quem sabe não seja melhor uma casca vazia?

Já que me derramei, tal qual um rio, em dias de chuva.


Talvez eu ainda espere alguma migalha,

Uma sombra qualquer de um passado doce,

Onde maçãs mordidas enebriavam corpos e corações.


Agora, o vinho é seco e amargo,

Já não me entorpece, nem me diverte

Não há brilho enluarado que me afague,

Ou calor solar que me aqueça.


Talvez, volte eu a debulhar-me em papel,

Para calar o grito e a desesperança de um vazio infinito. 


T. Alves





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