05 março 2014

Espera



Sentado ao pé do monte

perdido em tempos 
abandonado demasiado só
antes que a cura lhe chegue
entregue está a deriva
dum mar de histórias afogado
em sonhos.


Sentado ao pé do monte a espera

de um dia novo
sua ninfa lhe trará bons contos
doce mel derramado, inebriante.


Sentado ao pé do monte

contemplando as estrelas
banhado por luares
despertos ao amanhecer
unidos, livres. Ela se vai...

Sentado ao pé dum monte
ele lhe espera, todas as noites.

Autor: Anjo Negro


03 março 2014

Os filhos da revolução

"Ipsum enim Corpus"



...”O sono que arde em meus olhos entorpece meus sonhos, olhei em teus olhos sem nada ver, nada sentir. Menti para ti sem o menor pudor.

Vi tua face onde outros reconheceram apenas as tuas mascaras, em meus delírios reconhecia os teus, pois a loucura e tão singular onde não ouve solução, tão doce são teus pensamentos conturbados que neles encontrei abrigo para sanar minha própria insanidade.

O filho meu, onde se encontra?

Estaria você tão perdido a ponto de não achar o caminho de casa?

Filho meu que aguarda nos portões de teu refugio por ter medo de entrar; jás tão acostumado com as condições de guerra que julga que todo canto de refugio e apenas mais um campo de tortura a te esperar.

Vejo em teus olhos teu cansaço; sobre teus ombros um mundo em total destruição.

Mas quem o pôs ai? Seria tu Atlas amaldiçoado de tal forma?

Não esqueça de tua mortalidade; não se esqueça que as paredes que lhe protegem são as mesmas que lhe prendem pobre pássaro. Achas mesmo que  tua loucura lhe protegera por todo o tempo?

-Olhe para o horizonte, para as paredes de tua casa, para as grades de tua prisão e as compare. Veras aquilo que sempre soube; não a refugio se tu lutas contra a ti mesmo.

Definhas em sua própria carne, liberta a ti mesmo do claustro que se impôs pois o tempo se esvai assim como o que resta de tua sanidade”...


William Junior


28 fevereiro 2014

O Viajante Noturno



Andarilho Soturno

No manto negro vejo teus olhos brilhantes que me guiam no meio da escuridão.
Sussurros do vento dizem palavras aos meus ouvidos que me instigam a Nunca parar.
Viajante perdido. Homem sem sorte, entregue as minhas próprias regras.
Terras estas que calçam meus pés. Tua língua me arde, meu desejo me consome. Fraca luz na escuridão que clareia meu sorriso inebriado.
Face perfeita da lua... brisa... doce brisa.
Já se passaram tantos dias depois daqueles tempos. 
Em algumas horas me pergunto quais foram os passos cegos que não feriram os olhos daqueles que amo no meio da escuridão.

Doces dias aqueles. 
Eu que caminho sem me arrepender dos caminhos que tomei... da estrada que caminho...


William Junior


27 fevereiro 2014

Sonho a Ninfa

Beijar-te-ei amada minha
no fulgor da noite estrelada, banhada em luz 
és minha musa adorada,
sou eu, tolo sonhador a espera tua
deleitando-me com os sorrisos teus
rara beleza dos tempos,
eu, mero ser que sou, regojizo-me
em tê-la em meus braços.

Doce amada minha
a vida tem um novo tom: dos olhos teus!
Vamos de encontro a outros lugares
que sejam nossos, que sejam únicos,
que sejam belos como teu esplendor.

Inveja-te a Lua, preserva-te o tempo
pois és um tesouro da vida.
Diga-me como não amar-te?

És pura e doce virgem,
paixão árdua de minha carne
meu sonho vivo
meu pedaço do paraíso.

Autor: Anjo Negro


18 fevereiro 2014


A paixão é a embriaguez da alma
toma-me em teus braços,
beije-me com fervor,
esqueça-te do tempo;
teu calor relembra-me um lugar seguro,
teu cheiro em minhas narinas é como ópio,
deleito-me sob teus encantos
teu corpo é um mar de pecados
e tua voz é como liras aos meus ouvidos.
Amemos a noite, querida criança
saboreemos a vida
pois no mais tardar seremos memórias,
ou seremos sonhos?
Seremos inesquecíveis! 


Autor: Anjo Negro





14 fevereiro 2014

Últimas palavras


Quando eu partir
digas a ele que o mantive sempre em meus pensamentos,
que as estrelas me lembram a tua luz,
que o toque do vento é como seu beijo.
digas a ele que o calor do sol é como teu abraço,
a chuva fria como teu perdão 
e o aroma das flores como sua pureza.
Digas também que o esperarei no fim do caminho
mas não o abandonarei, estarei ao lado de cada passo.
Digas por favor, não esqueça-te
que o amei ontem, o amo hoje e o amarei eternamente...

 Autor: Anjo Negro 

05 fevereiro 2014

Beijo da Morte


Desejo que a Morte lhe beije o rosto
e te poupe do sofrimento...
Meus olhos já não suportam assistir
a dor que lhe escarnece, lhe sufoca
(que também me destrói).

Me dissestes, um dia, que a Morte é dolorosa,
creio eu que seja libertadora.

Achega-te, anda-te,
por favor não espere o tempo;
veja minhas lágrimas
precisas de súplica maior?
Sacrifica-me pois em favor da finda dor daquela alma.
que a carregue em teus braços docemente
e a leve a um novo mundo.

Beije-a delicadamente, lhe peço
que sua ida seja calma 
e a luz dos anjos lhe recubra, mansa e serena
que vejas o amanhã de um novo lugar.

Perdoe-me se peço que a vida se esvaia de ti
mas teu sofrimento é pesaroso.
Amo-te tanto que peço ao Pai tua liberdade
que minhas lágrimas sejam o meu sincero adeus
e estas palavras mal rabiscadas 
minha homenagem a ti
um anjo que volta pra casa...

Autor: Anjo Negro



27 janeiro 2014

Súplica


Peço ao Pai misericórdia
pois já não suporto a dor de meu peito
nem mesmo as esperanças e sonhos que me corroem por dentro
perdoe-me se molhei o papel desta carta, mas já não controlo meu pranto amargo
(talvez seja o grito a liberdade de minh'alma).
Sinto o toque delicado da Lua em minha pele nua
como se me dissesse algo que não compreendo.

Pai, até quando permitirás?

Hoje meus olhos apenas enxergam o cinza destas paredes de meu quarto vazio.
Será que perdi a lucidez?
Acredito que eu nunca a conhecera...
O que me resta afinal? Apenas memórias
de sua voz melodiosa junto a minha na escuridão
(estão ecoando em minha mente agora...).

Há vozes em meus ouvidos.

Talvez eu adormeça escrevendo estas tortas linhas
 já que só encontro a calma e a cura (temporária)
adormecida sobre as páginas de minhas escrituras,
meu silêncio em palavras.

Oh Pai, rogo-lhe, liberta-me
pois já não sei no que me tornei.
Devolva-me a paz, ou ao menos assopre em mim um pouco de alento,
pois estas correntes têm me prendido há tempos.

Por favor, escute minha súplica...

Autor: Anjo Negro


20 janeiro 2014

Éden


Inocente e virgem Eva do Éden, não morda a maçã, morda-me!
Sois assim tão tentadora?
Depende meu senhor, quem és tu?
Parte dos sonhos teus, parte das vontades tuas. Mas és tu a tentar-me... Quem és?
Desejo de tua carne, paixão de tua alma, sou o que queres que eu seja. O que desejas de mim meu senhor?
Sondas minha alma, chama-me de senhor mas és tu quem governa-me. Não há palavras para definir isso... Hoje sei que sois sim a mais tentadora de todos os desejos.
Como posso eu governar homem algum? Diga-me o que fiz eu para obter tal privilégio?
Creio que como Ícaro ainda não compreendi que não se pode voar perto do sol... Fecho meus olhos lembrando-me de como tudo aconteceu...
Pois não compreendo eu como pude ir tão longe. Me tens em tuas mãos, a ti entrego meu coração.
Seria esse o Paraíso? Ou serei expulso do Paraíso por isso? Talvez meu primeiro pecado seja não ter coragem de pegar aquilo que anseio.
Engana-se meu senhor,  quem sabe seja eu teu pecado?
Toma-me em teus braços e descobriremos nós o Paraíso!
Morda a maçã...


Autores: Anjo Negro e Willian Junior


13 janeiro 2014

Paraíso aos Amantes


Seu beijo é doce como mel das rosas
sob o alvorecer da madrugada és divino homem
com todo o mel despejado de seus belos lábios...
Sou um mero mortal a admirar-te
a perder-me em teus olhos e sonhar com teus sorrisos,
como é triste perecer em minha própria mortalidade.
Pereceremos juntos, nos fundiremos ao tempo, 
para que cada estrela seja o reflexo do teu olhar
e cada amanhecer o esplendor da tua alma.
E que tal amanhecer seja teus sorrisos, 
mas que a forte madrugada seja nosso refúgio...
Que o tempo jamais seja capaz de nos tocar
pois nada será tão belo quanto a noite
nem tão puro quanto o amor do espírito.
E quando julgarem as eras olharam para o céu
e nos irão ver, mas não nos incomodarão,
pois não haverá paraíso melhor do que 
aquele que construímos para nós.

Autores: Anjo Negro e Willian Junior